A Catedral de Cusco, situada no coração da cidade, é uma das mais impressionantes representações da arquitetura e arte sacra na América Latina. Construída no século XVII, a Catedral de Cusco não é apenas uma joia arquitetônica, mas também um símbolo religioso e cultural para o Peru e todo o continente. Em cada detalhe, a catedral revela as marcas de seu tempo, as influências artísticas da época e um misto de história inca e espanhola que a torna única.
Declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1983, a Catedral é um testemunho visível do sincretismo cultural que caracteriza a cidade. Neste artigo, vamos explorar sua história, sua arquitetura imponente e os tesouros artísticos que ela abriga. Também destacaremos seu valor como ícone religioso e cultural.
Um Pouco de História: a Catedral e suas raízes coloniais
A construção da Catedral de Cusco foi iniciada em 1534, logo após a chegada dos colonizadores espanhóis, no local onde anteriormente havia um palácio inca chamada Suntur Wasi. A catedral faz parte de um processo de transformação da cidade de Cusco em um centro de poder católico, utilizando a arquitetura como símbolo de domínio. A decisão de construir a igreja ali foi estratégica, já que Cusco já era considerada um centro espiritual e cultural dos incas.
A construção levou quase 100 anos para ser concluída, abrangendo várias gerações de trabalhadores e artesãos. Durante esse tempo, a catedral também se expandiu para o complexo de igrejas adjacentes, como a Igreja da Sagrada Família e a Igreja do Triunfo. Esse conjunto arquitetônico deu à Catedral de Cusco seu status de catedral basílica, reconhecida pela riqueza histórica e pela importância religiosa.
Durante as fases iniciais da obra, pedras da fortaleza de Sacsayhuamán foram usadas, simbolizando o aproveitamento dos recursos locais e a dominação do passado inca. Finalmente, a catedral foi consagrada e inaugurada em 1668, durante o episcopado de Bernardo de Izaguirre, que desempenhou um papel fundamental nos últimos anos da construção. Ao longo de sua história, a Catedral tem sido testemunha de eventos cruciais na cidade de Cusco.
A arquitetura que conquista olhares
A catedral é considerada um exemplo magnífico da arquitetura barroca colonial. No entanto, o prédio também exibe influências de outros estilos, como o estilo gótico europeu e detalhes renascentistas. A arquitetura é composta por três naves amplas, muitas capelas ricamente adornadas e uma fachada imponente que reflete o esplendor do barroco. Além disso, a catedral possui uma torre de mais de 25 metros de altura que ficou conhecida por seu detalhamento em pedra, esculpido por artistas locais.
Elementos como arcos góticos e detalhes ornamentais barrocos fazem da catedral um espaço arquitetônico que mistura o luxo europeu com o espírito andino. Apesar de suas raízes coloniais, a catedral conserva um forte caráter indígena, visível na presença de motivos locais esculpidos e na incorporação de materiais nativos.
Fachada da Catedral de Cusco
A Catedral de Cusco impressiona por suas dimensões e grandiosidade. Com uma planta em forma de cruz latina, ela conta com três naves e catorze grandes pilares que sustentam sua estrutura principal. Medindo 86 metros de comprimento por 46 metros de largura, a construção é reforçada por pedras trazidas de Sacsayhuamán, símbolo do poder inca. Esse uso de pedras cria uma conexão entre a época inca e o período colonial.
Além da fachada, a Catedral é complementada pela Igreja do Triunfo e o Templo da Sagrada Família, formando um conjunto harmonioso. O interior é rico em detalhes, com tetos abobadados, altares de prata e retábulos esculpidos. Elementos como ouro em folha e talhas em madeira, que misturam influências europeias e andinas, tornam o espaço grandioso. Destaque também para a cúpula da Igreja do Triunfo e o sino Maria Angola, famoso pelo seu som que ecoava a longas distâncias.
As obras de arte sacra que contam histórias
Dentro da Catedral de Cusco, uma das obras mais impressionantes é a famosa pintura da Última Ceia de Marcos Zapata, que dá um toque local à tradicional cena bíblica ao representar os apóstolos ao redor de um prato de cuy (porquinho-da-índia), uma iguaria andina. Essa obra é um símbolo de como o estilo europeu foi adaptado para a cultura local, criando uma iconografia religiosa com influências andinas que é única no mundo.
Além das pinturas, o interior da catedral é adornado com altares em ouro e prata, esculturas de santos e representações da Virgem Maria. Esses elementos contribuem para a riqueza visual do espaço e são considerados testemunhos da habilidade artística dos artesãos peruanos e espanhóis da época. O trabalho detalhado nas esculturas e nos altares revela uma fusão da iconografia cristã com as tradições incas.
Um dos tesouros mais valiosos da Catedral é o Retábulo do Altar-Mor, elaborado em madeira de amieiro e revestido com mais de uma tonelada de prata proveniente das minas de Chumbivilcas. Esse retábulo, feito em 1803, é um exemplo da ourivesaria colonial cusquenha e um dos pontos mais visitados do templo. O trabalho minucioso dos artesãos locais se destaca nos detalhes desse majestoso altar.
Entre as imagens religiosas mais veneradas está o Senhor dos Terremotos, uma figura icônica na devoção cusquenha. Essa imagem de Cristo, também conhecida como Taytacha Temblores, tornou-se o protetor da cidade após o devastador terremoto de 1650, quando sua procissão aplacou o sismo e salvou a cidade de maiores desastres. Desde então, a cada Segunda-Feira Santa, o Senhor dos Terremotos sai em procissão, sendo um dos eventos religiosos mais significativos da cidade, atraindo milhares de devotos e turistas.
A Escola Cusquenha está muito presente nas paredes da Catedral, especialmente nas telas que adornam suas capelas e naves. Artistas como Diego Quispe Tito e Marcos Zapata deixaram sua marca nos retábulos e pinturas que decoram a igreja. Um dos conjuntos pictóricos mais notáveis é a série de Letanias Lauretanas, uma obra-prima de Marcos Zapata, que representa diversas louvores marianos com um estilo único que combina influências europeias e elementos locais.
A Catedral de Cusco na arquitetura contemporânea e urbana
Mesmo sendo um monumento do passado, a Catedral de Cusco e seu entorno impactam a arquitetura moderna e a arquitetura contemporânea da cidade. A preservação deste espaço é uma prioridade para o governo peruano, que vê na catedral um elemento essencial de Cusco, influenciando também os estudos de arquitetura e urbanismo. Para estudantes e profissionais do curso de arquitetura, a catedral oferece um exemplo fascinante de como os espaços religiosos podem integrar-se ao meio ambiente urbano, valorizando a história e o contexto cultural.
A presença da Catedral de Cusco também reflete o impacto duradouro das construções coloniais no design de espaços urbanos e arquitetônicos do Peru, enfatizando a importância de preservar e respeitar a herança cultural nos projetos atuais.
Conclusão
A Catedral de Cusco é um marco da história e cultura peruana, onde a arquitetura e a arte sacra unem o europeu e o andino em um espaço sagrado. Cada detalhe guarda uma história viva, refletindo a fé e tradição do povo. Visitar a catedral é viajar no tempo e ver o passado e o presente se encontrarem, celebrando a engenhosidade dos artesãos e a grandiosidade da devoção humana.
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