A diversidade do Peru advém da evolução das culturas e sociedades que foram traçadas da era pré-Hispânica, onde cada uma delas contribui para o desenvolvimento de novas tradições, sendo os Incas o exemplo perfeito disso.
Conforme o tempo passou e novos costumes foram introduzidos, isso resultou em uma mistura de crenças e tradições que hoje dão um toque especial ao nosso patrimônio cultural. De acordo com o Instituto Nacional Peruano de Estatística e Informática, o Peru celebra 6.882 manifestações culturais.
A maioria destas celebrações são conhecidas por variar entre festivais cívicos e religiosos, alguns deles foram estabelecidos para promover o turismo interno e outros para o desenvolvimento regional do país. No entanto, nem todos são amplamente conhecidos, como os que serão mencionados nesta matéria.
Estas celebrações culturais oferecem um vislumbre sobre as diferentes culturas em nosso país e comemoram a memória de nossos ancestrais. Se você está buscando adicionar um toque especial à sua jornada pelo Peru, aqui estão as 5 celebrações mais tradicionais do país!
Inti Raymi: Festival do Sol
O Inti Raymi foi uma das principais celebrações dos tempos dos Incas, tendo sido estabelecida pelo Inca Pachacuti em 1412 d.C., uma tradição que tem sido mantida viva até as gerações atuais para comemorar o solstício de inverno e o Deus Sol Inti.
Este festival colorido e majestoso era celebrado ao longo de todo o império de Tahuantinsuyo e durava cerca de 8 dias. Apesar da expatriação de idolatrias imposta pelos colonizadores espanhóis, esta festa continuou a ser celebrada em segredo por diferentes comunidades andinas e quéchua.
Entretanto, foi somente em 1944 que este antigo ritual foi trazido à tona e revelado ao mundo todo. Atualmente, cerca de 600 atores e dançarinos recriam este fascinante festival, honrando seus ancestrais e as crenças andinas uma vez por ano.
O Inti Raymi foi declarado Patrimônio Cultural do Peru e uma Cerimônia Ritual de Identidade Nacional em 2001. Atualmente esta celebração ocorre todo 24 de junho em diversos locais dentro da cidade de Cusco, como no Templo Qoricancha, na Plaza de Armas de Cusco e na Fortaleza Cerimonial de Sacsayhuaman.
Festival Virgen Del Carmen
O Festival Virgen Del Carmen teve início em 1662 por influência dos colonizadores espanhóis. Após alguns anos, a organização passou ao controle da população local, algo que tornou possível moldar o evento no formato como o conhecemos hoje.
A estátua de 1,30 metros segurando o pequeno bebê do menino Jesus com seu braço esquerdo e um bastão ou cetro com a mão direita teria sido um presente enviado pela coroa espanhola no século XVI. Esta mesma imagem foi pessoalmente coroada pelo Papa John Paul II, em 1985, na cidade de Cusco.
De acordo com esta tradição de mais de 400 anos, os organizadores dos festivais, bem como os coordenadores dos 14 grupos folclóricos participantes financiam o evento de forma voluntária, assim como todas as comidas e bebidas distribuídas aos participantes, totalmente sem taxas durante os dias de celebração.
Este é um dos maiores e mais famosos festivais do sul do Peru, a Virgen del Carmen ou “Mamacha Carmen”, como também é chamada, atrai milhares de visitantes todos os anos, tanto nacionais quanto de outros países. As festividades ocorrem nas ruas da cidade de Paucartambo, em Cusco, dia e noite, com muita música, danças, comida, bebida e alegria.
O evento tem início em 15 de julho às 7 horas da manhã. À meio-dia a festa é oficialmente iniciada com fogos-de-artifício, muita música e danças típicas. Várias autoridades locais e personalidades regionais irão participar da abertura do festival.
Festival Señor de los Temblores
Este é um dos festivais católicos mais importantes da cidade de Cusco, e é celebrado entre a segunda metade de março e a primeira semana de abril todos os anos. O Senhor dos Tremores ou Senhor dos Terremotos, como pode ser traduzido, é o santo padroeiro da cidade.
De acordo com a história, um terrível terremoto atingiu a região de Cusco na data de 31 de março de 1650, este foi o momento em que um grupo de pessoas devotas levou a escultura do Santo Cristo em procissão para aplacar a ira divina.
O terremoto parou e esta famosa imagem católica foi colocada nos portões da Catedral de Cusco, de frente para a cidade, com a crença de que isto aplacaria as constantes réplicas que afetavam a Cidade Imperial. Por este motivo, o Santo Cristo foi batizado como o Señor de los Temblores, ou Senhor dos Tremores.
Uma vez por ano a imagem deixa a catedral para viajar pelas principais ruas do centro histórico, fazendo paradas em vários altares que ficam ao longo do caminho. Representatividades de todas as instituições da cidade e autoridades participam. A procissão culmina com a bênção do Cristo Negro a todos os fiéis.
Festival Señor de Qoyllority
Este evento apresenta um grande sincretismo e a fusão da fé católica com os costumes indígenas ancestrais. O festival consiste em uma procissão até os pés do Nevado Ausangate, localizado cerca de 4.700 metros acima do nível do mar.
De acordo com a história, o Senhor de Qoyllority apareceu para um jovem garoto desta região em forma de uma criança que, acredita-se, tenha sido Jesus como criança. Aparentemente, Jesus estava vestido como uma pobre criança e ambos se tornaram amigos.
Algumas histórias contam que, quando o garoto do vilarejo retornou para casa, seus pais o viram junto da criança com roupas luxuosas e, vendo o brilho do Menino Jesus, eles informaram ao padre da paróquia local, que decidiu ir procurá-lo.
A lenda diz que o menino Jesus fugiu enquanto estava sendo perseguido pelo padre, que não conseguiu capturá-lo e o menino Jesus, então, se tornou a imagem da rocha à qual hoje são feitas as peregrinações.
Festival Virgen de la Candelaria
A celebração da Virgen de la Candelaria é um dos maiores festivais do sul do Peru e ocorre na capital folclórica do país, na cidade de Puno, que está localizada às margens do famoso Lago Titicaca.
Este evento fascinante atrai uma grande multidão de viajantes nacionais e estrangeiros que desejam ver milhares de dançarinos e músicos que adoram e prestam suas homenagens à chamada Mamacha Candelaria por vários dias.
A celebração ocorre na primeira metade de fevereiro, embora o festival principal seja realizado em 12 de fevereiro. Por volta de 170 grupos atendem a este festival, cada um deles vindos das comunidades Quechua e Aymara de diferentes regiões de Puno.
Existem diferentes histórias que buscam mostrar a origem desta tradição. Uma delas é sobre um ataque rebelde contra a cidade de Puno, liderado por Túpac Catari e Pedro Vilcapaza de Azángaro.
Ao que tudo indica, a cidade estava em um número menor, então seus habitantes decidiram levar a Virgen de la Candelaria em uma procissão, pedindo por proteção durante toda a noite. Mais tarde, eles perceberam que seus rivais haviam fugido do local quase que imediatamente.
Outra história conta que a Virgem apareceu para uma pessoa nativa que estava cuidando da casa de seu Senhor, que estava situada próximo a um rio, aos pés do monte de Huajsapata.
Ela, então, pediu permissão para lavar as roupas de seu filho no rio. O cuidador da casa foi com muita pressa chamar pelo proprietário do local. Quando eles retornaram encontraram uma imagem da Virgen de la Candelaria com as roupas ainda molhadas.
Estas são apenas algumas das várias celebrações culturais no antigo país dos Incas, mas certamente as mais importantes. Estes eventos representam as tradições coloridas do Peru, algumas delas foram profundamente enraizadas no coração de nosso povo há centenas de anos atrás.
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